quinta-feira, 26 de junho de 2008

RESULTADO DA ENQUETE – MAIOR DIRETOR AMERICANO VIVO

Não falei que ia ser dureza escolher o maior diretor americano vivo? Primeiro que houve gente que ousou reclamar da enquete: como assim, maior diretor vivo? O sujeito pode estar vivo e não estar ativo! E depois, cadê o Almodóvar e o Ridley Scott? Respondendo ao primeiro queixoso, eu pensei em fazer uma pesquisa pra eleger o maior diretor em atividade. Mas aí, dessa lista que proporcionei, o único que ficaria de fora seria o Coppola (quer dizer... não). E certamente o Almodóvar merece uma enquete só dele (o Ridley Scott não dá pra comparar, dá?), mas nenhum dos dois é americano. Outra enorme dificuldade é que esqueci de incluir gente importante na lista, como o Tim Burton e o George Lucas. E, por que não, se o Paul Thomas Anderson entrou, que tal o Alexander Payne (Eleição, Sideways), o Wes Anderson (Excêntricos Tenembauns, Rushmore), o Todd Solondz (Felicidade, Bem-Vindos à Casa de Bonecas), o John Singleton (Os Donos da Rua, Duro Aprendizado), o George Romero (A Noite dos Mortos-Vivos, Madrugada dos Mortos), o Philip Kaufman (A Insustentável Leveza do Ser, Invasores de Corpos), o Michael Mann (Colateral, O Informante), o David Fincher (Zodíaco, Fight Club) e até o Michael Moore (documentarista não conta?) e o M. Night Shyamalan (que nasceu na Índia mas viveu toda sua vida nos EUA, e ninguém poderia dizer que ele é um diretor indiano, não americano)? Eu esqueci dessa gente. E esqueci não por não gostar deles, mas por achar que eles ainda são muito jovens e, embora cada um tenha feito um filme excelente, não estão nem de longe no mesmo patamar dos diretores na lista.

89 pessoas votaram na enquete, e e disputa esteve acirrada desde o início. Na lanterna ficaram Spike Lee (do brilhante Faça a Coisa Certa, sua única obra-prima até agora), e Sidney Lumet. Sidney está velhinho – ontem fez 84 anos -, mas continua na ativa. Acabou de quase ser indicado ao Oscar por Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto. Seus grandes filmes incluem Doze Homens e Uma Sentença (o de 1957, com Henry Fonda; um dos melhores filmes de júri já feitos), Um Dia de Cão, O Veredito, Rede de Intrigas e, na minha modesta opinião, O Peso de um Passado (de 88, e que tem a melhor atuação do River Phoenix). Mas este último não sei se mais alguém além de mim considera um grande filme. Só sei que eu choro baldes todas as vezes que assisto.

3% votaram no David Lynch. Eu gosto dele, mas jamais a ponto de considerá-lo um dos grandes, porque ele é muito irregular. Tem quem veja Veludo Azul como o grande filme dos anos 80 (eu não). Prefiro O Homem Elefante (foto). Gosto de Cidade dos Sonhos (apesar de não ter entendido muita coisa), de História Real, de Coração Selvagem, e do Twin Peaks feito pra TV. Mas todos esses filmes juntos não têm o peso de um Taxi Driver, por exemplo.

Com 4% cada um vêm Brian de Palma e Francis Ford Coppola. Olha, o De Palma ter tão poucos votos eu até entendo. Quais suas obras-primas? Carrie (talvez), Os Intocáveis, e Um Tiro na Noite? É pouco. Mas o Coppola merecia votação mais expressiva, gente. Ele fez A Conversação, O Poderoso Chefão 1 e 2, Apocalypse Now, e O Selvagem da Motocicleta (foto) que eu adoro. Três desses filmes geralmente recebem destaque nas listas dos melhores filmes de todos os tempos. E coitado, ele tá em atividade (ano passado dirigiu Youth Without Youth), mas tem caído tanto que todo mundo prefere fingir que ele se aposentou. Ele foi talvez o maior diretor americano logo no ano que muitos consideram a maior década do cinema americano, a de 70. É hiper importante.

5% votaram nos irmãos Coen. É cedo ainda. Apesar da alta qualidade de O Homem que Não Estava Lá, Barton Fink, Ajuste Final, Arizona Nunca Mais (foto) e Onde os Fracos Não Têm Vez (não faço parte da legião de fãs do seu primeiro filme, Gosto de Sangue, e nem do cultuado O Grande Lebowski), pra mim eles só têm uma obra-prima até agora, Fargo. Eles são jovens (54 anos) e talvez, daqui a vinte anos, numa outra enquete, eles possam ficar no topo.

Aí chega o Tarantino, com 7%, que saiu na frente mas empacou no meio. O cara é excelente, e só pode negar quem não gosta do seu estilo (que não é pra todo mundo, e que tem mais a ver com diálogos longos e às vezes desconexos que com violência). Senão, vejamos: qualquer um que dirigiu um dos melhores filmes dos anos 90 (Pulp Fiction) merece ser considerado. Mas Taranta fez mais. Cães de Aluguel é uma estréia pra ninguém botar defeito. Eu amo Jackie Brown (foto), embora saiba que não está no mesmo patamar. Tanto o Volume I quanto o II de Kill Bill são incríveis. As besteirinhas que ele fez pra Grande Hotel e Sin City não contam (e mesmo o maridão, que adora CSI, achou fraco o episódio dirigido pelo Taranta). E À Prova de Morte nem dá pra considerar um longa, se bem que eu acho a melhor parte de Grindhouse, disparado. Gente, é muito filme bom, ainda mais pra quem só tem 45 anos.

Com 8%, é a vez do Clint Eastwood, que já dirigiu quase trinta filmes. Mas aí é que tá o problema: alguém consegue citar de cabeça mais de três ou cinco? Pra cada Pontes de Madison (que gosto muito; foto) ele entrega um Cowboys do Espaço. Tem quem babe por Bird, Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal, e Cartas de Iwo Jima. Eu não. Eu só babo mesmo por Imperdoáveis.

Surpreendentemente, pra mim, Paul Thomas Anderson ficou com 10%, em quarto lugar. Hoje é seu aniversário, tá fazendo 38 anos. E tem cinco longas até agora: Jogada de Risco, Boogie Nights, Magnólia (foto), Embriagado de Amor, e Sangue Negro. Todos filmes respeitáveis, talvez com exceção do veículo pro Adam Sandler, Embriagado. Mas gente, não dá pra compará-lo a um Coppola. Nem a um Taranta, né? Não ainda.

Martin Scorsese ficou em terceiro, com 12%. É um desses monstros sagrados do cinema. Eu não sou tão fã de Touro Indomável ou de Os Bons Companheiros, mas adoro Taxi Driver, e outros que parece que só eu adoro, como A Cor do Dinheiro e O Rei da Comédia (foto). E Infiltrados? Pra mim é um senhor filme (não posso dizer o mesmo de Cabo do Medo ou A Era da Inocência, pelos quais não nutro nenhum carinho).

O segundo lugar na enquete, com 16%, ficou com o Spielberg. Por mim tá muito bem merecido. Já falei dele aqui e aqui.

E em primeirão, com apenas dois votos na frente do Spielberg: Woody Allen. Ele é um fênomeno mesmo. 73 anos, mais de quarenta filmes, dos quais pelo menos oito são obras-primas. Recentemente vi em DVD Scoop-O Grande Furo e O Sonho de Cassandra (foto), e gostei muito dos dois. Ele pode não atrair público, mas continua fazendo bons filmes. Na base do um por ano. Ah, quem dera o Kubrick tivesse sido assim tão produtivo!

22 comentários:

Anônimo disse...

No dia que eu vi a enquete achei dificil votar e acho que nem votei. Mas lendo agora votaria no Coppola também. E faço parte do time dos que não curtem Woody Allen. Apesar de ser engraçado que um dos filmes que eu mais amo na vida serem dele que é o Simplesmente Alice. Adoro muita coisa do Brian de Palma. e tenho uma história de amor e ódio com Tarantino. Já viu gosto oscilar? Pois é o meu com Tarantino oscila um pouco. e nem é em filmes diferentes. Tem dia que eu acordo e gosto de Kill Bill, tem dia que não :)

Abraços

lola aronovich disse...

Ah, vc nao gosta do Woody? Eu adoro o Woody! Bom, nem sempre, tem vários filmes que eu deteste dele. Mas tem muito mais que eu amo. Simplesmente Alice tá na minha coluna do meio. Eu gosto, pero no mucho.
Às vezes eu gosto do De Palma, às vezes não. Ele é um dos diretores mais machistas que tem.
Entendo como é isso de oscilar. Pra mim depende do dia também. Mas do Taranta sou muito fã.

Juliana disse...

Então, eu quase votei no Sidney Lumet por conta dos 12 homens, mas depois de olhar para os filmes de todos eles, fui obrigada a votar no Spielberg porque gostei de 99% dos filmes dele que vi e vi mais filmes dele do que qualquer outro da lista (ou qualquer outro diretor). Nunca dei muita chance pro Woody Allen, tô precisando dar mais uma chance pra ele, porque acho que vi tipo um filme dele quando era mto pequena e deixei o fato de minha mãe detestá-lo também me influenciar a não procurar mais nada dele pra ver...

E eu adorei o episódio do CSI dirigido pelo Tarantino.

Tayná Tavares disse...

Odeio o Scorsese... Sacanagem o Tarantino ficar só com 7%.. E eu ainda quero um poste do grindhouse, do Kill Bill eu consegui um pra cada vol *___*

Suzana Elvas disse...

Pode me bater, mas eu acho o Woody Allen chaaaaaaaato...! Ele quando aparece no filme mata o dito. Se ele não estiver presente... filmão.

Martin Scorcese, para mim, foi um grande diretor. Tenho alguns xodós como, além dos clássicos dele (como "Taxi driver"), filmes como "Depois de horas". Começou a fazer megalomanias do tipo "Gangues de Nova York" e "O aviador" parece que só para ganhar o Oscar. Agora que ele já tem um (e por um filme bom), espero que volte a fazer filmes bons.

Coppola... bom, virou grife. Mas eu teimo com o CE porque ele sempre foi um ator ruim que construiu uma carreira como cineasta que só tem melhorado. Seus últimos filmes, de "Os imperdoáveis" para cá, foram ótimos. Ou seja, ele apesar de velho está alcançando sua maturidade profissional agora, de uma maneira como nenhum outro diretor americano. Sempre me passa a impressão que estou vendo um momento como o que deve ter experimentado um cinéfilo há 30 anos com aqueles que foram grandes diretores. Olha só:

Letters from Iwo Jima (2006)
Flags of Our Fathers (2006)
Million Dollar Baby (2004)
Mystic River (2003) (MARAVILHOSO! Conseguiu ser fiel ao livro, ao espírito que permeia toda a história, sem ter que tomar "licenças cinematográficas")
Blood Work (2002)
Space Cowboys (2000)
True Crime (1999)
Midnight in the Garden of Good and Evil (1997)
Absolute Power (1997)
The Bridges of Madison County(1995)
A Perfect World (1993)
Unforgiven (1992)

De 12 filmes, você pode dizer que são sofríveis "Cowboys do espaço" (apesar de achar que ele cumpre a que veio, ser uma comediazinha legal com atores muito muito bons), "A perfect word" (que eu, apesar de tudo, gosto muito por conta do papel "gauche" do Kevin Costner), "Absolute power" (Dirty Harry ficou mais manso), "Blue work" (pra mim, o mais fraquinho de todos) e "True crime". Sendo que em todos esses ele atuou - o que fica meio registrado que ele é infinitamente melhor quando só dirige ou atua longe do estereótipo "sou-o-cowboy-do-asfalto-durão".

Cinco filmes em 12. Acredito que ele chegou agora, já velho, ao que os outros alcançaram nos seus 40/50 anos. Ele chegou atrasado mas chegou. Ou está chegando. Agora só a título de comparação (até porque a gente sabe o quanto isso é relativo), olhaí a quantidade de prêmios e nomeações dos principais diretores que você listou:

Coppola: 5 Oscars, 36 outros prêmios e 36 indicações

Clint Eastwood: 4 Oscars, 97 outros prêmios e 55 indicações

Steven Spielberg: 3 Oscars, 109 outros prêmios e 75 indicações

Woody Allen: 3 Oscars. Outros 78 prêmios e 83 indicações

Scorcese: Um Oscar, 79 outros prêmios e 59 indicações

Sidney Lumet: Indicado a 5 Oscars, vencedor de 28 outros prêmios e 36 indicações

Brian de Palma: 7 prêmios e 14 indicações

George Lucas: Indicado a 4 Oscars. Ganhador de 23 prêmios e 21 indicações

David Lynch: Indicado a 4 Oscars, ganhador de outros 38 prêmios e 34 indicações

Tim Burton: Indicado a um Oscar, ganhador de 7 outros prêmios e 23 indicações

Bjs

(Conseguiu baixar o Pando? Viu o filme? Tô curiosa pra saber o que você achou).

Suzana Elvas disse...

Agora você vai fazer de diretor não-americano? Vai?
Ah, faz aí!

Anônimo disse...

bota a outra enquete logo lolinha! please.

lu disse...

eu votaria no romero! adoro.
mas acho que só quem não é cinéfilo como eu votaria assim! rsrs

Unknown disse...

Adoro esse tipo de post, pq da pra saber de que filmes/diretores vc gosta, daí eu nao preciso ficar pensando: será que a Lola gosta desse filme? Daquele diretor?

Meu voto foi para Woody Allen pelo conjunto da obra. Senão eu teria votado no Tarantino ou no P.T. Anderson.

lola aronovich disse...

Esse é um bom critério, Ju. Eu também gosto da maioria dos filmes do Spielberg. Mas o Woody, vc realmente precisa dar uma outra chance a ele. Vc viu UM dos 40 que ele fez? É muito pouco. Ele tem excelentes filmes. Argh, aquele episódio do CSI do Taranta eu achei fraquérrimo.


Huntress, por que vc odeia o Scorsese, tadinho? O cara é bom! Não é bom em tudo, mas em geral é um dos top top tops.
Também lamento que o Taranta tenha sido tão mal-votado. Mas a competição é dura.

lola aronovich disse...

Su, vc não é a única que acha o Woody chato. Tem muita gente. Obviamente eu não sou uma. Às vezes ele é chatinho, mas na maior parte das vezes não tem ninguém melhor pra fazer o papel dele.
Eu gosto muito de After Hours tb (se bem que faz décadas que não vejo). E acho que preciso rever Gangues de NY, porque só vi uma vez. Aviador eu não quero ver de novo. Ah, adoro Cassino tb. Não lembro se incluí no post.
Acho que esqueci de falar que o Coppola nasceu em Detroit. Mais um motivo pra eu gostar dele!
O Clint Eastwood, eu acho admirável que ele tenha virado um diretor dos bons (mas, insisto: ele já era! Play Misty For Me, que é um bom filme, é de 71). Pra mim o momento alto do Eastwood foi mesmo com Imperdoáveis - 16 anos atrás. Acho ótimo que ele continue filmando. Desses que vc citou, eu so não gosto mesmo de Meia Noite (acho um porre) e Space Cowboys. Mystic River eu gosto. Million Dollar Baby eu gosto. Mas, pra mim, não são grandes filmes. Eu não trocaria nem um desses, fora Imperdoáveis, por a maior parte dos Tarantinos... inclusive Jackie Brown!
Obrigada pela lista com o Oscar que cada um recebeu. Não significa muito, já que Hitchcock e Kubrick nunca receberam um, mas dá uma idéia do respeito que cada um tem.

lola aronovich disse...

Su, Cavaca, podem sugerir enquetes. Agora eu pus a do Almodovar. Que outras enquetes de diretores não-americanos vcs sugerem?

Su, vi The Wave ontem, e achei interessante. Mas é um filme pra TV, com tudo que isso quer dizer (ou seja, muitos closes, algumas atuações fraquinhas). E achei meio previsível tb. Mas é assustador que algo assim pode acontecer. E pra mim, que sou professora, a fala do protagonista de que os alunos gostam mais do professor quando ele é rígido faz pensar. Agora, a dúvida é: como posso virar uma professora rígida?! Eu nasci pra ser uma prof. molinha.
Mas obrigada pelo filme, Su. Valeu a pena ver.

lola aronovich disse...

Ah, sei não, Lu. Acho que tem muito fã de filme de terror que votaria no Romero. Aliás, mais pra frente vou fazer uma enquete sobre diretores de filmes de terror. Vamos ver no que que dá.


Clau, que bom que vc gostou. É, foi isso que o maridão disse também, após ler o artigo - que é raro ver crítico falando com todas as letras de quem gosta e não gosta. Mas o artigo ficou longo demais. Nem deu tempo de dizer que não gosto do David Fincher, por exemplo... até agora. Só de Seven.
E uma obra como a do Woody Allen é bem difícil alguém ter. Ele não é só prolífico, ele é bom também. Tipo Hitchcock, só que num gênero totalmente diferente.

Anônimo disse...

Não suporto o Woody Allen. Não engulo os filmes dele e a antipatia pelo dito cujo é maior ainda. Não consigo olhar para a cara dele sem me lembrar que ele se casou com a filha adotada da Mia Farrow, ex-mulher dele. Em relação aos filmes, já vi quase tudo de relevante, na maior boa vontade, mas não consigo gostar. Não acho a menor graça nas piadas sem graça dele, nem na sua constante atuação no papel de "Woody Allen", nem na parcerias com as ditas "musas", Diane Keaton, Mia Farrow e Scarlett Johansson (o nível caiu muito, né, Woody?), nem nessa moda que ele tem de fazer 500 filmes por ano. Enfim, não gosto mesmo e achei essa primeira posição injusta. O Coppola deveria ser o eleito. Tá certo que ele abandonou o caminho da luz, fazendo Jack (se bem que eu acho que nem se deve levar aquele filme a sério) ou aquela desgraça de "O Homem que Fazia Chover", mas o cara nos legou a trilogia de "O Poderoso Chefão" (os dois primeiros são, respectivamente, a primeira e segunda posição do meu Top 10 e do jeito que sou fã babona, admito que gostei até do terceiro, mesmo com a atuação macarrônica da Sofia Coppola, o italiano mais cubano do mundo, Andy Garcia, o Al Pacino totalmente afetado e a ausência sentida de Robert Duvall. Agora, o que me irritou foi clarearem os cenários do filme. Nos dois primeiros, a ação toda ocorria naquelas salas escuras, um negócio bem gangster. Depois, meteram o Vaticano, o Papa e a Cavalleria Rusticana na história. Acho que descaracterizou o negócio. Tá bom, eu também admito que o terceiro realmente não tinha a menor razão de acontecer mesmo), Apocalypse Now (outro filme que está no meu Top 10. O melhor filme sobre o Vietnã, na minha opinião. As imagens são lindas e muito vivas. Assistindo na tela grande, dá para você se sentir lá na guerra, com os pés enfiados na lama e sentindo "o cheiro de napalm na manhã". Apesar de ser muito longo, não fiquei entediada em nenhum momento e adorei as atuações), A Conversação (um filme extraordinário, sem sombra de dúvidas) e acho que até mesmo o seu Drácula foi bom (se não fosse o Keanu Reeves, tenho certeza de que seria muito melhor. O Gary Oldman arrasou no papel e o elenco coadjuvante era muito bom, com exceção do Keanu, claro) e o Selvagem da Motocicleta (que eu também adoro). Sem dúvida merecia a primeira posição, pelo conjunto da obra. Agora, ele pode dirigir até Scooby Doo 7392749749, porque não tem mais que provar nada a ninguém. Em relação ao Tarantino, até gosto dos filmes dele, mas o acho terrivelmente super-estimado. O fato é que ele não tem um estilo próprio. Como cinéfilo que é e sempre foi, o que ele faz é uma colagem usando elementos dos filmes de outros cineastas e referências pop, como mangá, ou filmes de kung fu. Fazer filme na base do Copy & Paste e colocar 434094940 litros de sangue no meio eu também consigo.Não tem nada de original nas obras dele, nenhum elemento que o espectador possa eleger como marca registrada, nenhum momento que seja realmente memorável, que fique no imaginário do espectador por muito tempo (como a cena do chuveiro em Psicose, ou o discurso do James Stewart em Mrs. Smith Goes to Washington, ou sei lá, aquela cena da Scarlett O'Hara falando na fome). Adoro Paul Thomas Anderson de paixão, e eu até perdôo ele ter feito filme com o Adam Sandler. Tbm sou apaixonada pelos filmes do Scorcese. Odeio Os Infiltrados, mas como ele TINHA que ganhar aquele Oscar, já que eu não ia mais agüentar ver o Clint Eastwood levar de novo, dá até para relevar. O interessante é que, os meus favoritos dele não tem nada a ver com a sua temática usual. Com a exceção de Taxi Driver e Godfellas, gosto muito de Kundun, A Época da Inocência (o DDL estava ótimo nesse, os cenários e os figurinos eram lindos e gostei de o Marty ter demonstrado um pouco de versatilidade) e o controverso O Aviador. Adorei a parte técnica, sou fascinada pela história totalmente fantástica e doida do Howard Hughes. O filme não foi lá muito fiel à biografia do Howard, mas mesmo assim gostei. O Spielberg tbm poderia ganhar a primeira posição. Gostem ou não do estilo dele (eu não sou a maior fã), pouquíssimos diretores americanos vivos conseguem combinar a arte de fazer bons filmes (apesar de aparecerem bombas como Guerra dos Mundos, Hook, ou O Terminal) com a capacidade de faturar muito bem nas bilheterias. Sem falar que seus filmes nos legaram alguns dos momentos mais inesquecíveis do cinema. Quantos diretores tem A Lista de Schindler, Tubarão, E.T, Indiana Jones, A Cor Púrpura e O Resgate do Soldado Ryan no currículo? Só o Spielberg mesmo. Ah, e Lola, porque não incluiu o Mike Nichols na lista? Ele é americano, não é?

lola aronovich disse...

Huntress/Tayná, esqueci de te responder uma coisa: sei que escrevi montes de posts (na verdade, artigos, porque na época eu nem tinha blog, só escrevia no Lost Art e no jornal) sobre Kill Bill. Quatro no total! É que vi o primeiro Bill em Buenos Aires, meses antes da estréia no Brasil. E quando estreou escrevi outra crítica. E depois escrevi mais uma. E uma pro Volume II. Mas quero escrever sobre Grindhouse, sim. Bom, pelo menos sobre a parte do Taranta. A do Rodriguez eu não gostei nada. Vi ano passado, não lembro de muita coisa. A do Taranta eu vi duas vezes, gostei mais na segunda, e fiz algumas anotações. Só tô esperando pra escrever sobre ele quando o filme chegar ao Brasil (talvez em outubro, se não adiarem mais uma vez?). Outro que estou louca pra escrever sobre é O Nevoeiro. Mas a estréia aí já foi adiada duas vezes! Se alguém souber quando for lançado em DVD (porque acho que vai ir direto), avise, please.

lola aronovich disse...

Sadie, vc escreveu um livro aqui nos comentários. Parece eu!
Deixa ver o que posso dizer do seu comentário... São opiniões diferentes, não tem o que discutir. Como eu e tantos outros já amávamos os filmes do Woody antes do escândalo com a Mia Farrow, isso não nos afetou muito. Eu tento distanciar a obra do autor, por mais que seja difícil, às vezes. Minha opinião é que o Woody, como pessoa, provavelmente já era insuportável, neurótico, arrogante, muito antes do escândalo. Li algumas biografias não-autorizadas sobre ele, sobre o escândalo, e acho difícil acreditar numa das muitas acusações da Mia, de que ele abusava sexualmente das crianças. Claro que não gosto do que ele fez, mas pelo jeito foi mais que um casinho de sexo. Ele se casou com a moça. E, se vc viu aquele documentário com ele tocando na França, dá uma visão bem diferente sobre quem dá as cartas naquele relacionamento. Anyway, seu comportamento particular não tira o mérito de seus filmes.
Sabe, eu gosto do terceiro Chefão do Coppola. Não acho nenhuma atrocidade, e já vi muita gente atuar pior que a Sofia (o Keanu Reeves em Drácula, por exemplo). Minha mãe ama esse Chefão mais que os outros 2. Eu só não consigo vê-lo no mesmo patamar que os dois primeiros. Mas é um filme digno.
Sobre Drácula, nunca gostei muito. O maior problema, pra mim, realmente é o Keanu. Essa deve ser uma das piores interpretações que eu já vi num filme. E não sei como o Coppola foi deixar isso acontecer. Afinal, o Keanu não é mau ator, e ele já tinha feito bons filmes antes de Drácula. Nesse caso, tenho que culpar o diretor (o ator tb, mas pô, o Coppola não notou que a interpretação do Keanu tava destoando?).
Apocalypse eu amo tb. Espero que vc tenha lido meus dois artigos sobre o filme (é só escrever na busca).
Mas pra mim Full Metal Jacket é tão bom quanto. Ou melhor.
Sobre o Taranta, acho que vc está equivocada. Tudo bem, pode dizer que ele é superestimado e que não gosta muito dele, mas não pode dizer que ele não tenha estilo próprio. Porque um filme dele é facilmente reconhecível, e isso é estilo. Os diálogos, as referências pop, a trilha sonora, a violência - tudo isso faz parte do seu estilo, que é bem único sim (continua sendo imitadíssimo).
Concordo bastante contigo sobre o que vc diz sobre Scorsese. P. T. Anderson e Spielberg. Mas adoro Os Infiltrados! (pq vc não gostou?).
E tem razão sobre o Mike Nichols. Mais um que esqueci. Embora ele tenha nascido na Alemanha, é óbvio que ele é considerado um diretor americano, e dos bons. Se não equivaleria a dizer que o Billy Wilder era um diretor alemão, não americano...
Apareça sempre, Sadie!

Anônimo disse...

Em relação aos Infiltrados, foi aquele lance mesmo de empatia, sabe? Vi o original, de Hong Kong e gostei mais. O pior é que eu não tenho um motivo específico para desgostar do filme. Eu acho que é porque não correspondeu à minha expectativa (pense que fosse ser bem melhor do que acabou sendo). Mas não é um filme ruim não. E Full Metal Jacket é fantástico também. Eu sou super fã do Kubrick. Diria até que é meu diretor favorito (se bem que depois de descobrir o David Lean, essa opinião está estremecida. Sou fanática pelos filmes dele. Eu acho que devo ser a única menina, porque ainda não tenho nem 20 anos, que ama Lawrence da Arábia.). Ah, Lola, adoro seu blog e sempre freqüentei desde o Lost Art, mas nunca tinha comentado. Mas como você levanta muitas questões interessantes, fica difícil não comentar. Também acho super legal o fato de você comentar os comentários. Poucas pessoas fazem isso e demonstra atenção pelas opiniões do leitor. Aliás, sempre tem uns comentários muito interessantes por aqui.

Suzana Elvas disse...

Oi, Lola;

Eu te indiquei o filme não pelo filme em si, mas pela experiência real em que ele se baseou. Saber que um professor de História pode fazer o que ele fez - imagina alguém mais poderoso, mais preparado, mais influente?
Bjs

lola aronovich disse...

Ah, Sadie, agora que vc começou a comentar, não pára mais, tá? Muito boas as suas observações. Dá pra notar que vc adora cinema.
Então, entendo a sua frustração com Infiltrados. Nunca vi o original. Confesso que gostava muito mais de Vanilla Sky ANTES de ver o original espanhol. Os filmes caem na nossa cotação quando a gente vê que, muitas vezes, eles são refilmagens cena a cena. Infiltrados deve ser a única refilmagem de um filme estrangeiro a jamais ganhar o Oscar principal, não? De todo modo, o que mais gostei de Infiltrados foram as atuações, principalmente do Leo e do Matt Damon. Elas devem ser bem diferentes do filme de Hong Kong (e o Jack Nicholson, todo exagerado mas eficiente pacas?)!
Ah, vc descobriu David Lean recentemente? Gosto muito dele, só que épicos não são o meu gênero favorito. Lawrence da Arábia disputa a posição de filme preferido com o maridão com o Poderoso Chefão. Mas meu filme mais marcante do Lean é Brief Encounter (Desencanto), que não tem nada de épico. Vc já viu? É uma simples história de amor. ADORO esse filme.
Sobre os comentários, acho que eles muitas vezes são tão ou mais interessantes que o post que os originou (aqui e na maior parte dos blogs). Eu gosto muito de recebê-los e respondê-los. Só que às vezes falta tempo.
Mas não se acanhe de comentar, viu?

lola aronovich disse...

Entendi, Su. É só que eu não chamaria um filme pra TV de "média-metragem". Filme pra TV é filme pra TV, ué. Mas sim, a história é bastante assustadora, e seria mais legal se as consequências fossem mais exploradas. Algo que eu sempre vejo é que, quando vc quer unir um grupo, uma maneira infalível é criar um inimigo externo. O sentimento de "nós contra eles" nunca falha em unir um grupo, por mais briguento que ele tenha sido. Quando um assessor do John McCain diz que a melhor coisa que podia acontecer pra campanha republicana seria que houvesse um novo atentato terrorista em solo americano, é em cima da união de um grupo (os EUA) contra outro (terroristas muçulmanos, de preferência, não cristãos - quanto mais diferente e distante o grupo, mais fácil de pintá-lo como inimigo que precisa ser eliminado).
Foi disso que senti mais falta em The Wave. Essa caracterização do "outro" é muito importante pra qualquer movimento fascista.
Mas, como já te disse noutro comentário, o que mais me chamou a atenção, como professora, foi a idéia que aluno gosta mais de prof. rígido. Às vezes, juro que queria ser assim...

Vitor Ferreira disse...

Eu adoro O peso de um passado. A música do James Taylor me lembra o filme sempre. Gosto do David Lynch. Detesto Clint Eastwood. Acho os filmes dele uma colagem de clichês, tipo Menina de Ouro, que implora que a gente chore o filme inteiro. Gosto do Tarantino, e Jackie Brown é o meu filme favorito dele. O cinema do Spielberg é puro entretenimento normalmente. Não sou muito fã. Dos mais sérios, o filme que mais gostei dele é a Cor Púrpura, mas faz séculos que vi. Nem sei se ia gostar tanto agora. Mas continuo adorando De Volta pro Futuro e os dois primeiros Indiana Jones. Os filmes de ET eu pulo. E Tubarão eu nunca vi inteiro. Woody Allen eu adoro. Os meus favoritos são Match Point e A Rosa Púrpura do Caixo (amo).

lola aronovich disse...

Vitor, só agora que vi o seu comentário. Concordo com a maioria do que vc falou. Até gosto de Menina de Ouro, só não acho um grande filme nem de longe. E gosto do Clint. Só não o amo de paixão, como tantos críticos.
Jackie Brown é subestimado, mas é ótimo. Não é o melhor do Taranta.
Faz séculos pra mim também que não vejo A Cor Púrpura. Só vi uma vez, e nunca gostei muito. Talvez eu tenha que ver de novo.
Lembre-se que De Volta para o Futuro não é do Spielberg, é do Robert Zemeckis. O Spielberg só produziu. Não pode ser considerado um filme do Spielberg.
Olha, é difícil escolher apenas dois filmes favoritos do Woody. Eu teria que ficar com uns 8. Mas Match Point e Rosa Púrpura estariam entre eles, sem dúvida. E eu AMO Crimes e Pecados também. E Hannah. E Manhattan. E Annie Hall. E Zelig. E Maridos e Esposas. E por aí vai...